Perdeu a serventia no campo
E pediu por um perdão
Mas o destino foi traiçoeiro
Não lhe deu outra opção
Partiu a tíbia no meio
Numa rodada de azar
E estendeu o pescoço
Sem ganas de suplicar
Que mala a vida de um potro
Se seu destino é cruel
Dar o garrão a um outro
Que sacrificou um dos seus
A este bravo resta a sina
De ser fiel sempre que pode
Pois mostrou sua serventia
Mesmo depois da morte
Quem sabe a alma deste campeiro
Não dê adeus e não vá além
E ajude o seu parceiro
Que um pedaço de si retém
E os ferros que ele outrora
Sem outra escolha o gosto provou
Junto ao que resta ostenta agora
A mesma espora que seu couro marcou
Será que a alma desse guerreiro
Partiu-se junto em devoção
Igual à lonca que se fez tento
E ganhou vida nalguma mão
Ou o tento foi pra pontear
Do peão triste o coração
Que se partiu ao ver ficar
Seu parceiro estendido no chão
Porto Alegre, março de 2008
Nenhum comentário:
Postar um comentário