"Alma, vida e poesia, tempo e pessoas queridas! Jornadas de tantos suores e de tantas alegrias!"

Caros amigos!

Bem vindos ao meu fogão virtual. Aqui vou manter atualizado sobre minhas andanças, fotos e trabalhos novos que venho escrevendo. Convido todos a participar, deixar recados e mandarem e-mails se quiserem!

Um grande abraço a todos e boa viagem por entre essas linhas...

domingo, 6 de dezembro de 2015

FarmFair International, Edmonton, Canada

  Neste último mês, tive o imenso prazer de acompanhar dois jovens, dedicados produtores rurais de Alegrete e Santana do Livramento em uma jornada em terras Canadenses. Junto com a Carolina e o Eduardo Osório, da Casa Branca Agropecuária e da Cabanha Paipasso, respectivamente, participamos da FarmFair International (FFI), uma das mais importantes feiras de gado de corte do Canadá, e tivemos a oportunidade de visitar diversas fazendas nos arredores da cidade de Edmonton, na província de Alberta. Esta visita foi parte de um programa para visitantes internacionais da FFI, que aconteceu entre 9 e 14 de novembro de 2015.  

Farmfair International

Foto Laura Bodell

  Com o intuito de atrair produtores de outros países para divulgar a genética canadense, a Northlands, organizadora da FFI, criou um programa de fomento “inbound buyers”, que reembolsa metade dos gastos de viagem até um total de $1500 CND, financiado pelo Conselho Canadense de Criadores de Gado de Corte (CBBC – Canadian Beef Breeders Council) e por diversas empresas do setor interessadas em estabelecer comércio internacional. Além de divulgar a genética local, este programa propicia o intercâmbio com diversos produtores de todos os cantos do mundo, o que é muito produtivo em termos de conhecimento e contatos. Este ano tivemos produtores, da Austrália, México, Estados Unidos, Finlândia, Escócia, Cazaquistão, Turquia e Portugal, entre outros. Eram ao todo 150 representantes de 29 países.


Com Rach Wheeler e Nacho Gomez, foto Stacy Felkar

Grupo de produtores internacionais e Canadenses, foto Stacy Felkar

  Durante a nossa estada, visitamos diversas propriedades onde além da genética tivemos a oportunidade de conhecer o sistema de produção. Algumas das propriedades que visitamos foram: 

Lote de vacas da Glesbar Angus. A propriedade fará um leilão de liquidação em 17 de dezembro 2015, 

 Foto Marcelo Wallau, Glesbar Angus

Foto Marcelo Wallau, Chittack Farms

Estas novilhas da KBJ Round Farms abaixo tem ao redor de 9 meses e 400 kg, prontas para entrar em um programa de coleta de embriões pela Amity Ag-entreprise,

Foto Carolina e Eduardo Osório, KBJ Round Farms

   Lote de vacas a campo na Northline Angus, uma das mais premiadas cabanhas de Alberta. Em geral o gado fica até as primeiras neves mais fortes na pastagem, depois os trazem para perto da sede para facilitar a distribuição de comida (em geral feno de alfafa e cevada/centeio/aveia e silagem de cevada e aveia, para algumas categorias suplementam com ração). Os animais nunca são estabulados, mas tem abrigos com bastante alimento e cama. Na época de parição, em dias muito frios (-40 graus) os animias que pariram recentemente ou estão por parir ficam dentro de um galpão. Isto mostra um pouco da rusticidade deste gado.



Foto Carolina e Eduardo Osório, Northline Angus

  A genética do gado de corte canadense é de alta qualidade, basta ver na página do AngusBreeder.net (ou no Facebook), e não somente os animais representando o Canadá mas como a quantidade de animais em outros países que são de origem dos criatórios canadenses. Recentemente, no World Angus Secreatriat, no México, ambos campeões macho e fêmea eram de origem canadense (Miller Wilson e Kodiak Ranch).


  Diversas oportunidades de negócio surgem, e amizades se criam. Fomos todos extremamente bem recebidos pelos canadenses, que apesar do frio são muito calorosos na hospitalidade. Se quiserem saber mais sobre o programa, entrem em contato comigo em mowallau@yahoo.com e podemos programar uma visita para o próximo ano. 

sábado, 24 de outubro de 2015

Novo site sobre Javali

A Equipe Javali no Pampa disponibilizou um site para informações, divulgação de material, notícias e eventos, e troca de ideias sobre o tema do javali na nossa região

Acesse: https://sites.google.com/site/pampajavali/


Desapontado com a falta de união da classe produtora



RESUMO


A Equipe Javali no Pampa, com o apio do Sindicato Rural de Santana do Livramento, resolveu montar um questionário para aplicar aos produtores rurais do município, sobre o controle e danos por javalis. A ideia é estimar os prejuízos e distribuição da espécie, para poder embasar nossos argumentos quando pedimos por ações e ajustes das leis de controle. O questionário, que era bastante simples de responder (no máximo 5 minutos) ficou disponível durante todo o período da Expofeira. Fizemos propaganda via internet (Facebook e email), jornal, rádio e pessoalmente na feira. O resultado foi muito frustrante: não alcançamos 20 respondentes. É desapontante o descaso da nossa classe para temas emergentes, e desanimador quando um grupo voluntário tenta abraçar uma causa para ajudar a nossa comunidade e não tem respaldo nem dos maiores beneficiados com a discussão do tema, que são os produtores.Infelizmente com os dados que temos não poderemos fazer as estimativas. Mas não desistimos, seguimos o nosso trabalho da melhor forma possível, ajudando quem nos apoia e buscando tratar com seriedade o problema do javali em nossa região. Obrigado ao Sindicato Rural de Santana do Livramento por acreditar nas nossas ideias.


_____________________


Fazia tempo que este blog estava desativado, mas agora com a expansão do assunto do javali e meu envolvimento no tema junto com a Equipe Javali no Pampa resolvi começar a escrever de volta. Primeiro pela necessidade de informação técnica para suportar as discussões sobre o tema, por isso que montamos o site Javali no Pampa, e segundo para ter um canal de comunicação e troca de ideias.


Abro esta “nova fase” de escritas com um assunto que me deixou muito frustrado nos últimos dias. Como muitos sabem, desde o início de 2014 venho trabalhando no tema do javali, e a Equipe Javali no Pampa desde 2013, junto com outros colaboradores. Eu participo desde 2014, e me propulsionou  a participar é porque aqui nos Estados Unidos o envolvimento das pessoas com assuntos comunitários é grande, e me motivou a tentar “fazer a diferença” quando voltei da Florida em 2014. Sobre o javali,  é um trabalho muito interessante, por vezes dispendioso de tempo e recurso, mas recompensador quanto aos resultados que temos obtido, tanto com a publicação do livro e ajuda a alguns produtores em específico, quanto na esfera política, que o a Equipe participa do “grupo técnico” de discussão na Assembleia Legislativa do RS. Temos alcançado bons resultados com nosso trabalho.



Discutimos muito o problema do javali mas ainda não somos capazes de colocar números em nossas conversas. Não sabemos qual o nível de dano, a expansão real do problema, o quanto o produtor realmente está perdendo. Um levantamento feito pelo Sindicato Rural de Santana do Livramento, que está publicado no site da ARCO, chegou a um número de 20.000 cordeiros, entre outras espécies, perdidos por predação direta do javali. Isto, pelas minhas estimativas, é ao redor de R$2,5 milhões em prejuízos diretos. Fora o que deixou de girar na economia do município. Isso equivale a quase 1,5% do PIB agropecuário do município. Desde 2013 os relatos de perdas por e capturas de javali aumentaram muito, porém não se tem números concretos que possam estimar as perdas atuais.


Resolvemos, então, fazer outro levantamento, um pouco mais apurado, para saber quanto se perdeu, de onde vinham os relatos de perdas para ter uma distribuição espacial do problema, e o que vinha sendo feito. Para isso usamos questionário bem simples, com 16 perguntas quase todas de múltipla escolha, que leva entre 3 e 5 minutos para responder. Deixamos pelos 10 dias da feira no Sindicato Rural, disponível para os produtores, fiz propaganda via internet, o Tiago e o La Hire fizeram o “boca a boca” na feira. Resultado: conseguimos menos de 15 questionários preenchidos. E isso com muito esforço e insistência, sendo “chato” com os amigos. Muito frustrante o resultado!


Minha reação, logo em seguida da frustração, foi pensar: bom, estou errado em focar meus esforços em javali, por que pelo visto não temos problema no município. Ninguém respondeu e nem se interessou sobre o assunto, então não tem por que está gastando energia nisso. Mas sigo escutando à minha volta relatos de perdas. Sigo escutando produtores dizendo que alguma providência tem que ser tomada, e que “o governo” tem que fazer algo, que o IBAMA não ajuda, etc. Mas uma coisa: se não tivermos números, como podemos pedir providências? Que argumento usaremos para dizer que estamos perdendo se nem juntar estes dados conseguimos? Se o produtor que está sofrendo com o problema não consegue usar o sindicato rural, que é a entidade representativa de classe, para se unir e tratar do tema, como nós, voluntários, vamos conseguir evoluir?


Tentei rever onde foi o erro que cometemos para não ter quase ninguém respondendo: talvez o questionário estivesse um pouco “escondido”, ou o pessoal não soube da atividade. Mas nem mesmo pessoas que contatamos direto responderam. A minha leitura disso é o total desinteresse da nossa classe para os assuntos comunitários, a total falta de união para discutirmos um tema, e o descaso com problemas emergentes que temos. Sei que todos tem muito por fazer e não querem perder tempo, ou não veem a real importância destes dados, e que o javali não é o assunto prioritário nas suas listas. Mas continuam reclamando de perdas, e nada se faz.


(Fotos da esquerda para direita: Rodrigo Damiani, Raul Paixão Coelho, Marcelo Wallau)


É bastante frustrante. Ainda que fazemos isto voluntariamente, sem obrigação nenhuma, mas com o melhor dos intuitos de ajudar a desenvolver o tema na nossa região para reduzir as perdas dos nossos produtores, e para pedir que o tema seja tratado com mais seriedade na esfera política. Parece que cada vez que se tenta fazer algo em prol do bem comum sempre te dão um “tirão na cola”. Isso desanima muito, e faz-nos penar por que gastar energia com algo que não tem resultado? Isto é uma reflexão geral de diversas situações, não somente sobre o tema do javali, pois muito se fala nos discursos que necessitamos de união, cooperação, trabalhar juntos para somar. Mas quando toca tocar para frente mesmo, sai um para cada lado, e muitas vezes além de não ajudar ainda menosprezam o trabalho do próximo.  
Mas vamos seguir em frente, por que alguém tem que seguir peleando em quanto os outros se acomodam ou se achicam. Felizmente temos um grupo muito bom de apoiadores, que apostam no nosso trabalho. Obrigado a estes, que dão valor às coisas da nossa terra. Obrigado ao Sindicato Rural de Santana do Livramento por acreditar na nossa proposta.

Quem ainda tiver interesse em responder, para nos apoiar e deixar sua impressão sobre o tema, segue o link para o questionário:
https://docs.google.com/forms/viewform?hl=pt_BR&id=1QpbtTAX8GWyUzGHCNBfdp9NRD3cz4MI2a_W5d6dQRks

Interessante que meu último texto “Apolítica do atrasacionismo”, lá de 2011, trata, em termos, de temas semelhantes. Qual nosso problema em Santana do Livramento?