Cerca de pedra moura
Costeio de tropa larga
É madrinha das estradas
Do Rio Grande altaneiro
Foi o rumo do tropeiro
E trincheira em emboscada
Taipa que foi outrora
O reponte do progresso
Das invernadas o começo
Sustento dos matadouros
Quando o charque e o couro
Valiam mais que agora
Com a bárbara engenharia
De um material primitivo
O conhecimento instintivo
De noções de arquitetura
Fizeram da pedra dura
Um passo evolutivo
Do negro que te construiu
De sol a sol a preceito
Tinha a força e o jeito
No peito a raça bravil
Mas sem do açoite respeito
De alicerce muito serviu
Que dura a vida do escravo
Sem poder contestar
Mas sempre a sustentar
O futuro do Rio Grande
Forjado a ferro e sangue
E a pata de cavalo
Taipa que foi sestiada
E abrigo do andante
Onde a tropa se escora
E facilita a ronda
Pra que do frio se esconda
Quem vem judiado de estrada
As porteiras de vara
E a mangueira redonda
Onde o potro a doma encontra
E o gado não dispara
E pela mão do paisano
Deixa de ser orelhano
Cerca que ganha vida
Na minha imaginação
Pois te faço recordação
Dos tempos de ou tras lidas
Quando tropas d’outros pagos
Cruzavam no teu costado
Te olho no horizonte
Cerca de pedra empilhada
Que costeia a estrada
Adiante do sol poente
Que vai despacito apeiando
Ao final de outra campereada
Te vejo assim no reponte
Das lembranças mais antigas
Onde o passado e o presente
Se funde em nostalgia
E o tempo reverencia
Ó Cerca de Pedra valente!
Gurupí (TO) 05-02-2005
Revisão maio-2007
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