"Alma, vida e poesia, tempo e pessoas queridas! Jornadas de tantos suores e de tantas alegrias!"

Caros amigos!

Bem vindos ao meu fogão virtual. Aqui vou manter atualizado sobre minhas andanças, fotos e trabalhos novos que venho escrevendo. Convido todos a participar, deixar recados e mandarem e-mails se quiserem!

Um grande abraço a todos e boa viagem por entre essas linhas...

sábado, 4 de dezembro de 2010

O Tempo

Sentei às margens do tempo

Para ver as horas ‘passar’

Fiquei olhando os minutos

Como ondas vindo no mar

Nas nuvens os pensamentos

Carregados de inusitado

Vivendo o futuro momento

Com os olhos no passado

 

Enquanto faço minhas rimas

O perco de vista a frente

De ansioso passo em cima

E o perco novamente

Na paz de um papel rabiscado

Guardo minha alma e segredos

Me acalma os nervos atados

Quando às letras dou os dedos

 

Com os olhos sempre atentos

Aos passos que as horas passam

Observo os movimentos

Pra ver se atraso o compasso

Se dos versos faço rio

No tempo pouso seguro

Cura os males do passado

Me tráz de volta o futuro

 

Pra que entender do tempo

Se nem nos versos me acho

À sombra d’um poema sento

E os segundos assim relato

Mas inflexível e sorrateiro

Vai passando, quieto, atrás

O tempo que fora d’outros

Não envelhece jamais

 

Porto Alegre, 2 de dezembro de 2010

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

EM OUTRAS QUERÊNCIAS

 

Coloreou-se o céu em fim de tarde

O rubro se confunde com a estrada

Um quero-quero voa alegre em rebeldia

Tendo o mundo só para si, e mais nada...

 

As roças se mesclam entre lindeiros

No lusco-fusco pressagiando noite clara

A vaca berra, procurando seu terneiro

Que vem correndo, e pela chuva logo esbarra...

 

De rosilho transformou-se o céu mestiço

Num encarado prenunciando um bom tempo

Na volta às casas vem um piá no seu petiço

Junto da ceifa que há pouco estava colhendo

 

O ocaso que por belo, só encanta

Se mistura à liturgia de um amor

Essa paixão que o campeiro tem do campo

Que por agrado fez ali seu vertedor

 

A natureza que por bela nos ensina

O quão pequeno que somos ante ao todo

A precisão de processos e enzimas

E a força d’água da Garganta do Diabo

 

Na mata, que por virgem espreitam lendas

A pintada fez ali seu parador

Nos que ousamos tomar conta de sua casa

Às vezes nos pega por susto ou por temor

 

Já bem mais tarde, quando o céu se borda todo

Vejo o cruzeiro mostrando o rumo pro sul

E as Três Marias que carregam o meu sonho

De ver paz sob este mando azul

 

De manhã cedo os cantos em sinfonia

Se juntam ao cheiro das matas e de flor

Pois o jasmim me traz cheiro de esperança

Quando procuro nos meus rumos arpoador

 

Quando dou conta, germinaram muitos sonhos

Muitas idéias e vontades com vigor

Sigo andando peregrino por caminhos

Vou buscando para a vida vertedor

 

 

Se ando errante busco paz, entendimento

Assim vou vendo o que a vida reservou

Se o destino propuser vou aprendendo

Rodando o mundo, sem medo, assim me vou

 

Vejo que o rumo, aos poucos, negaceia

Peso meus planos, já é hora de voltar

Deixo aqui um manto enorme co’minhas ânsias

Para um dia quando possa regressar...

 

 

Fazenda Toca da Onça, Toledo, PR, 22-fev-2009

 

 

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sábado, 6 de novembro de 2010

Publicações

 

  dois anos, com ajuda de grandes amigos, publiquei meu primeiro livro, o “Tropa de versos”. Desde então somente alegria tem me trazido. Fico  muito contente que por onde passo consigo alegrar algumas almas com meus versos, ou trazer um pouco de história por entre as rimas. Nas indas e vindas por este pago e outros, tenho relatado minhas experiências, minhas ideias e observações.

Com uma temática um pouco diferente da já publicada, participei recentemente de 2 antologias que foram lançadas no XVIII Congresso Brasileiro de Poesia. Trago ali alguns versos sobre minha recente experiência de intercâmbio, alguns mais antigos e outros que fogem à tematica tradicionalista. Convido a todos para passearem pelas passarelas dessas páginas e juntarem-se a mim e a outros tantos poetas de todo o Brasil e mundo que fazem parte dessas obras.

Poesia do Brasil, Vol. 12

Poesia do Brasil, vol. 12

Poeta, mostra a tua cara, Vol. 7

poeta mostra a tua cara volume 7

Aproveitando a oportunidade, já comento de outra antologia que foi lançada ano passado no mesmo congresso. Essa possui duas poesias que retirei do meu livro.

 

Poeta, mostra a tua cara, Vol. 7poeta mostra a tua cara volume 6

Quem se interessar pelos livros, por favor, entre em contato comigo (mowallau@yahoo.com). Assim, com o apoio de todos, consigo seguir publicando e espalhando pelo mundo um pouco da tradição do nosso pago.

Grande abraço, espero que gostem!

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Theatro

Apagaram-se as luzes do Theatro

Esquecí quem eu sou

D’um ímpeto me brota d’alma

Instinto mostrando o rumo que vou

 

Não finjo, não nego, eu mostro

Aquilo que assim vem

Não sei de onde me brota

E anota

O tino que tem

 

São Pedro das peças formosas

Das noites ermosas

De som e de luz

Queria ver-te outra época

Mas o destino é aquele

Que assim me conduz

 

Conduzo também mão de moça

Que tensa e ansiosa

Explendor nunca viu

Alegre lhe mostro as verdades

Do teatro e da arte

Que assim me surgiu

 

Meu bem, que ingênua, que bela

Donzela

Dos sonhos de amor

A orquestra assim impressiona

E a música chama

De bem ou de cór

 

Vontade própria – meus versos

Não impeço

O seu caminhar

Sei das palavras que escrevo

Destino certeiro

Pro teu agradar

 

Porto Alegre, agosto de 2010

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Da alma às palavras…

mao caderno invert

                Nem sempre é fácil dar palavras ao que nos brota da alma, a quando damos nem sempre é a descrição perfeita do que queremos dizer, ou fica muito implícito. Quando escrevo meus poemas procuro dar o melhor de mim nessa descrição, para que quem o leia consiga imaginar o que está escrito e entrar nos versos. Quando algum sentimento muito forte me invade só pego um papel e deixo que venham as palavras. Não me pergunto a origem e nem o que significam (a pesar de quase sempre saber o que elas querem dizer), apenas escrevo. E nas entrelinhas dessas estrofes se acha algum verso meio encharcado num pranto ou meio brabo por não ser considerado, algum verso mais alegre ou mais pachola, uns mais pensativos, outros que te fazem pensar. Por isso que é preciso enxergar o que está escrito por detrás das palavras. Depois de feitos os esboços leio com atenção o que escrevi. Às vezes fico me perguntando de on de tirei aquilo, mas sei que veio de algum ligar da minha alma, talvez do entroncamento em que se encontra o coração, ou quem sabe de uma esquina de algum lobo do cérebro. Esse é o mistério que as palavras carregam, nem sempre se sabem de onde vem, mas sempre se sabem para onde vão.

Porto Alegre, 13 de abril de 2008.

 

sábado, 2 de outubro de 2010

Distância

 

Quando a saudade se agranda
Tu invades meus poemas
Escrevo tua pele serena
Sinto o calor do teu olhar
Luiza1
As horas fazem pensar
Nesta saudade morena
Nesta tua boca plena
De carinhos a me dar

Quando chega a noite fria
Mateio assim... solito
Navego nos pensamentos
Nos teus braços faço ninho
Fico vagueando na mente
Nas lembranças mais ermosas
Quando estás aqui comigo
Acabo esquecendo das horas

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Flowers

Those pictures are for the ones that like photography and flower. Is one of my favorites targets to shoot. Those pictures are from my farm, trips and field days all around the place. Hope you enjoy them!

”Se as flores, no seu mistério profundo

dizem muito contigo

Eu, mistério de dois mundos

dizer-te não consigo…”

Fragmento de “Para vos”, poesia de minha autoria.

sábado, 25 de setembro de 2010

Gaucho's day: September 20th in Santana do Livramento

As I always said, cowboys from Texas and gaúchos from Rio Grande do Sul have a lot in common: proud; close connection with farm, horses, cattle…; friendship; hospitality; and even their (our) own Republic in the 1800’s. September 20th is the gaucho’s day. We celebrate the revolution that took place here in 1835, when gauchos invaded the capital of the province and took the local government. That was the fuse for a 10 years conflict against the Brazilian empire that changed the history of our state.To monumentalize it, a big celebration takes place in every city in the state and several out of it, including CTG (Gaucho’s Tradition Center) all around the world, in places such as New York and Paris. The celebration lasts, in most of places, for one week (in some other for the entire September). The culmination is when, in the sep-20th cavalarymen “invade” the streets of the cities in an amazing horse parade through the city’s main streets. In Santana do Livramento (my hometown), in e.g., there are more than 6000 men in horses, not counting the allegorical trucks. It’s a way to celebrate our proud and to tell people a little bit of the history of our state. The pictures in this album are from my friends in this parade. Hope you enjoy it!
See ya!

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

CAMPONESES DO MUNDO

“CAMPONESES DO MUNDO: o preço da segurança alimentar”

 

Leitura feita para a aula de Desenvolvimento Rural sobre o texto de Mazoyer, M e Roudart, L. História dos Agricultores no Mundo. São Paulo, Ed. UNESP/MDA 2010. Alguns dos dados apresentados são retirados do próprio texto do autor a cima.

 

Êxodo rural, subnutrição, pobreza no campo e problemas agrários estão cada vez mais na pauta do dia-a-dia de quem lida diretamente com o setor primário. Junto de dados confusos, diferenças de ideologias e reais problemas surgem opniões deturpadas e ideias demagogistas e utópicas sobre o assunto.

Hoje em dia está cada vez mais profissional a produção agropecuária, e aqueles que não trabalham com tal afinco e técnica estão ficando sem poder competitivo. Isso gera ainda mais diferença entre produtres rurais. Ao mesmo tempo que se fala em êxodo, em baixa renda no campo, em valores insustentáveis para produtos agrícolas, clama-se por maior produção e disponibilidade de alimentos e menores preços, que somente assim conseguiremos diminuir a fome e a desigualdade no mundo.

Estamos, creio que todos, de acordo que, em geral, as políticas agrícolas dos países, principalmente os em desenvolvimento, são falhas e favorecem poucos, mas ao mesmo tempo não podemos ser romancistas e telúricos quanto a isso. Cada produtor deve cumprir seu papel social, deve ser útil à sua sociedade e seu país. Um agricultor que produz 800 kg de cereal por ano, quase que sem excesso para comercialização, mal consegue se sustentar não está cumprindo esse papel. Subsistência é utopia. É necessário que haja comércio, troca, cooperação, assim todos podem evoluir. Não se pode também ir contra a corrente global. Hoje em dia o comércio internacional é quem controla o mercado.

Demagogistas querem criar soluções imediatas para esse problema, criando bolsas e liderando massas de volta ao campo, criando políticas agrárias infundadas e insustentáveis. Mas não podemos ser sínicos e creer que o homem se voltar ao campo “brotará em si a alma de agricultor” e construirá sua vida no campo, com seu “bichinhos”, sua quinta, sua família alegre, livre e feliz na volta. O próprio homem criou um padrão de vida que não é sustentávem nessas condições. Será que ele vai abdicar esses “luxos” pela vida dura do campo? O que fará um pobre “camponês” que volta ao campo mas não domina as práticas produtivas? Quem não tem aptidão não pode voltar para a terra, se não haverá cada vez mais fome e miseráveis no campo. Deixemos de ser romancistas e de acreditar que essa é a solução para o mundo. O problema já está criado. Não podemos tentar achar um método de voltar no tempo para mudar essa situação, mas precisamos concentrar nossos esforços em achar alternativas para esses problemas. Pensar no futuro, e pensar grande. Quem pensa pequeno não evolui. Solução há; precisamos juntar-nos e aplicar essas soluções.

Riqueza gera riqueza. Levar mais probreza e atraso ao campo não é a solução. Falta extensão, falta uma política de auxilio técnico e de insumos, levar tecnica e tecnologia ao campo. Falta apoio internacional a esses países que não conseguem por sí realizar essas mudanças. A FAO (Food and Agriculture Organization) realiza muitos projetos desse intuito em países subdesenvolvidos. Mecanização não é a resposta para tudo, isso é certo, mas deixar as pessoas na mizéria ou fazendo trabalho pesado (e sem rendimento) por que favorece o aumento de emprego no campo não é solução também. Temos que ser racionais. Hoje em dia fala-se tanto em segurança alimentar (food safety) ao mesmo tempo que compramos alimentos de produtores em beira de estradas sem nenhuma inspeção ou selo. Quem garante a segurança desse alimento? Precisamos deixar de lado essa “política do coitadismo” e trabalhar para um futuro próspero e um bem comum. Infelizmente interesses políticos e brigas sociais com seu extremismos impedem tal progresso.

Quanto à segurança alimentar (food security) a solução imediata é a melhor distribuição de recursos (financeiros e alimentares). Não adianta produzirmos mais se não há poder de compra. O produtor em geral (não somente o camponês) é mal pago pelo seu produto, até por que quem tem o poder de ditar os preços não é o produtor. Por isso sobrevive quem é mais eficiente nesse processo. Fala-se muito no latifundiário por que ele compensa esse déficit no preço pela quantidade produzida. As margens de lucro são mínimas, e isso é realidade para todos do campo. Será que camponeses produzindo nada ou quase nada de excesso para comercialização e alimentação das cidades conseguirão dar conta dos 6 e, muito em breve, 9 bilhões de seres humanos no mundo?

Não sou contra a agricultura familiar ou aos camponêses. Eu me considero agricultor familiar também, pois todos da família estamos envoltos diretamente na produção, trabalhando juntos, crescendo juntos. Apenas resalto que devemos ter cuidado e sermos mais justos ao analisarmos uma situação como essa e não pendermos nossa opnião somente para um lado, condenando àqueles que trabalham dentro de uma filosofia diferente. Deve haver mais respeito e cooperação no campo. Infelizmente nem o governo de um país da importância do Brasil apoia isso, separando pequenos e grandes produtores em seu censo e segregando em classes de análise e importância.

sábado, 28 de agosto de 2010

Carroceiro

Rédeas de corda, sem par nem comprimento

Vem desgastadas, já puídas pelo uso

Carreteando ele faz o seu sustendo

A vida pobre não deixou outro recurso

 

Entrestecido vê os outros à sua volta

Quando businam ou olham atravessado

Achando que bem fosse sua escolha

De viver desse jeito amargurado

 

Carreteiro, na família vai pensando

Não deixar um outro dia sem ração

O piazito faminto e sugismundo

A quem pensa um dia em dar educação

 

E observa vinhos finos, mesa farta

E não entende como alguem pode passar

Despercebido frente à face da miséria

Ou não tem tempo para isso analisar

 

Quantos valores deturpados hoje vemos

E quanta gente sem ganas de trabalhar

Quisera todos creêrem que o futuro

Do país é algo bom para lutar