"Alma, vida e poesia, tempo e pessoas queridas! Jornadas de tantos suores e de tantas alegrias!"

Caros amigos!

Bem vindos ao meu fogão virtual. Aqui vou manter atualizado sobre minhas andanças, fotos e trabalhos novos que venho escrevendo. Convido todos a participar, deixar recados e mandarem e-mails se quiserem!

Um grande abraço a todos e boa viagem por entre essas linhas...

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Final de semana e polo



Os últimos dias aqui foram bem corridos. Detalhe foi que a lingua que eu menos falei foi o inglês. Quinta-feira passada (dia 24/09) a tardinha chegaram aqui em casa uma tropa de andante: o Rodrigo, a mãe, a Andressa e a Neila. Passaram comigo aqui até sábado. Teve muito legal o tempo com eles, lástima que foi curto e não deu para fazermos muita coisa. Pelo menos deu para assar uma carne aqui em casa na sexta-feira, e tava bem boa!
Semana passada também acabei descobrindo que a faculdade tem um time de polo e que estão precisando de jogadores. Me enturmei com o pessoal e fui lá para o clube no sábado a tarde e domingo fui a Midland ver a final de um pequeno torneio e jogar (ou melhor, aprender a jogar). Não tive muita dificuldade pois grande parte do polo é saber se equilibrar para poder taquear bem. Agora é so ajeitar a pontaria e perceber bem a distância entre o taco e o solo, mas isso acho que eu pego bem ligeiro. Quem me convidou para ir foi o Steven, cujo os pais são muito bons no polo e a mãe no hipismo também (eram atletas proficionais), nem precisa dizer que tive uma baita aula por lá!! Foi bárbaro o final de semana.
Outra guria que conheci (foi quem primeiro me apresentou para o time) é a Lucy. Ela está começando no polo mas já trabalha com cavalos desde pequena, foi criada numa fazenda no Novo México e fez estágio em Cordoba. Bueno, por falar em Argentina, o que me impressionou quando cheguei no sabado lá no clube de polo foi que tinha umas duas cuias e pessoal tomando mate e falando espanhol e castelhano (me refiro ao nosso castelhano ai do sul, por que o espanhol mexicano é muito diferente). Quem trabalha com cavalo aqui tem que lidar muito com mexicano e no polo tem muito argentino, ai estão as influências. Acabei que conversamos muito em espanhol esse final de semana. Estava muito bom!


Sábado também teve um churrasco na casa do prof. Christian onde juntou os amigos dele e mais o pessoal que vai no intercâmbio ano que vem para Porto Alegre (só faltou o Tomas). Fiquei bem faceiro de ver que as gurias estão bem empolgadas de ir e que estão se esforçando bastante quanto ao aprendizado da lingua portuguesa

Andanças... aprendizados...

Tenho aprendido com a vida
Em mim a achar respostas
Vejo que o mundo gira
E assim pego a volta
Vejo nos olhos dos outros
Medo do inusitado
Vejo que o tempo cura
Todos os males do passado

Confio no meu destino
Assim luto e tenho fé
O que quero vou conquistando
Com vontade e com suor
A força que trago nos braços
Me vem de dentro do peito
Pois é de berço que trago
O meu orgulho e respeito

Quando escolho minha estrada
Sigo com passo firme
Vou aprendendo com a jornada
Tudo que o mundo ensina
Observo à volta nos detalhes
Me aproximo de gente
Pois se cerca do positivo
Quem quer ir para frente

O mundo é as vezes nebuloso
Hay que querer enxergar
Tem que ter força de vontade
Para assim o sucesso alcançar
Me olho, paro, analizo,
Remôo as coisas que vi
Assim aprendo comigo
O que não ensinam por ai

As palavras me saem dos lábios
Mais despacio que as recebo
Meus olhos procuram à volta
Por mais um ensinamento
Onde cruzo deixo rastros
Fico feliz com o que sou
Deixo sempre a porteira aberta
Para voltar por onde vou

Lubbock, TX, set - 2009

Farm and Ranch

Click here to view these pictures larger

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Final de semana em Gainesville

Fim de semana passado fui, a convite de um colega de aula, passar em uma fazenda em Gainesville, TX, perto de Oklahoma. A cidade é pequena, uns 20.000 habitantes, mas a região é muito conhecida pelos ranchos de cavalo, em grande maioria Quarto de Milha. A infraestrutura dos caras é de invejar, muito bem aparelhados e a cavalhada em geral de qualidade superior. Não chegeui a visitar muitos ranchos, mas nos que tive deu para ver que o pessoal não brinca em serviço! Na ida para Gainesville passamos pelo famoso 6666 Ranch, tem algo como 100.000 acres e 10 mil cavalos, uns 35 veterinários para cuidar de tudo e uma infraestrutura na sede que fica difícil de comentar (quero ver se consigo fazer uma visita a esse rancho; esses dados me foram passados por esse meu colega).

A região essa de Gainesville já é muito diferente daqui de Lubbock: a topografia não é tão plana, chove mais e já estamos na região com árvores (aqui em Lubbock chove uns 470mm por ano e quase não tem árvores no campo, salvo alguma mais adaptada à seca, como a “mesquite”).
Indo nessa fazenda e em outras que já visitei aqui ou mesmo que ví cruzando na estrada notei o quanto de ferro-velho que esse pessoal junta. É impressionante a quantidade e variedade de coisas que tem espalhada, em geral, pela sede. Em especial nessa que fui o final de semana pude encontrar caminhão (até uns que funcionam), camionete, trator velho, lancha, um ônibus, canos, toneis e por ai vai. Me disse o meu colega que o avô dele gostava de juntar o que conseguisse e colocava lá para um dia usar, mas em geral esses ferros-velho se formam dos implementos e materiais que “não tem mais utilidade” na propriedade. Utilidade é algo relativo, por que como aqui toda a hora tem algo novo (o último modelo da máquina que compraste ano passado saiu agora) eles sempre trocam achando que a “velha” está obsoleta. Como é fácil de conseguir crédito e de comprar por que os preços não são que nem os nossos no Brasil eles trocam e mutas vezes deixam os equipamentos velhos atirados. O pior de tudo é que não reutilizam nada, nem partes, nem material, deixam tudo jogado (não é geral, mas a maioria). Se vão fazer uma cerca nova, por exemplo, não utilizam os canos velhos que tem na propriedade, mas compram novos, até por que os velhos pode ser que tenham que cortar.
Além de equipamentos, ferramentas é muito comum de ver de todo o tipo e tamanho nas propriedades. Isso é muito bom por que reduz a dependência de ter que ir na cidade ou chamar alguem para fazer o serviço, além de que diminui o esforço também (aqui vale a lei do mínimo esforço). Além do mais, comprar ferramentas é muito mais barato do que ter que pagar para alguem fazer uma solda, por exemplo. A mão-de-obra é extremamente cara (acho que já comentei isso) e (muito legal também) o proprietário trabalha com poucos empregados ou sozinho, então tem que por a mão na massa mesmo. Aqui eles fazem desde consertos no banheiro ou no galpão e semear a lavoura até avaliação financeira da propriedade e administração (o pessoal trabalha bastante também).
Comparando esses aspectos com o Brasil chego à conclusão que nos sabemos aproveitar melhor o que temos disponível e inventamos mais, por que o crédito e o material são caros, ou seja, tem que se virar com o que se tem disponível, achar alternativas. Ao mesmo tempo passamos mais trabalho para realizar as tarefas, por que nem sempre temos as ferramentas para facilitar o serviço (até por que são caras) e em geral o proprietário ou o gerente não está na parte braçal do serviço, e sempre tem alguém para fazer o que se precisa.

Chasque para o peão novo

O cavalo sempre foi
Do peão a outra metade
Parceiro de lida e cancha
Companheiro sempre às ordens
Costumes e aperos
De norte a sul se diferem
Mas os cuidados são os mesmos
E a isso se referem

Cuidar da cavalhada é vital
Saúde, pelo, crina e casco
Higiene e estado corporal
Nem gordo, nem muy delgado
Se está pesado – adelgaçar
Pois cavalo é um atleta
Se fraco, deixe descançar

Observe crina e casco
É bom aparar se grande
Se não conhece os aprumos
Peça para alguem que saiba
Cavalo de casco torto
Fica manco e tropicão
Perde confiança nas pedras
Se o mole tocar no chão

Para encilhar o cavalo
Hay que prestar atenção
Veja se o lombo está lindo
Antes de por o chergão
Rasqueta ou qualquer escova
Já fazem um bom serviço
Tira a escarra do lombo
Pro basto sentar no limpo


Andar de arreio frouxo
É coisa de quem não sabe
A cincha do peito pra diante
Se afrouxa, aperta e segue
Arreio firme, lombo limpo
Evitam cavalo pisado
Agora, se o basto é ruim
Hay que de pronto trocar-lo!

Cada um tem seus cavalos
Assim funciona a tropilha
Se tem lombo pisado
Se sabe de qual a encilha
Não se judia tão pouco
Cavalo se bem tratado
É de confiança de todos
Não fica sestroso e assustado

Quando findado o serviço
Tira o freio, desencilha
Trata bem este amigo
Sustento de tua família
Se o lombo estiver suado
Larga, por cima, uma água
Se o dia for escaldado
Deixa secar à sombra

Assim tens amigo para sempre
E parceiro pra qualquer lida
Cavalo se bem tratado
É sempre pronto, não refuga
Outra coisa companheiro
Não deixe balda e mania
Tenha arreio bom e arrumado
Não deixe uma anarquia

Se seguir o que te digo
E mas as coisas que aprende
Vai te dar bem na lida
E a qualquer sinal atente
Assim acabo esse chasque
De como encilhar um cavalo
É recomendação do patrão
Pro peão recém chegado
Lubbock, TX, Sept. 2009

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Some considerations...

In one of the classes with Dr. Allen she told us (Cody, a PhD student, and me) something really interesting: the main difference between Grazing system and Grazing method. It is simple! The system is unique, you cannot transfer it to any other place, even when this place is similar and you can’t expect that it will work the same way if you don’t adapt it. It is like this because the system is composed by many parts that work together as an engine. The goal is that each part of this system (lets call them gears) has a particular characteristic from the place where it comes from. And the most important thing is that the gears are biological process, climate, soil, animals, people (employees), market and costumers, which means that every place that you go you will have to know the methods to create a system adapted to this region. The methods are each gear of the system and knowing them means knowing in details how they operate and what are the options if the gear being used doesn’t fit in the big context and makes the system slow down. For example, if you learn how a grazing system works here in Texas and try to bring it back to Brazil there is no way of it to work, but if you know the grazing methods that can be used instead of this one in the “model” (like continuous stocking, rotational stocking, creep grazing, strip grazing,…), it’s easy to adapt them and create a new whole system. The same goes to the way of working (managing): culture is an important factor that cannot be easily changed but you can work on that and reach a balance between what the system requires and what you have available to establish an order. Than you can slowly change to what it requires.
The interaction among the system is really interesting because if you change one gear, the engine can stop, can run faster, can slow down or it can even brake. This gear can change the whole system or can do nothing (can increase or decrease the production costs that bring a different reaction and affect another part of the system). It can change just a part of the whole system and it also can change the interaction among the other parts of it. Because of that it is important to know and learn what you have and how to change it (possibilities and consequences). You have to know how each part particularly works (that is why it is important to study morphology, ecology, sociology, physiology and all those “boring” courses that we have on graduation).
Before I coming here there where some people (not just now in this trip but every time I said that I would like to go studying abroad) that unfortunately asked me things like that: “why I was going out if the things that I would learn outside cannot be brought to our reality, otherwise it would not work” or “things there are different” or “why are you wasting your time if you can stay and work here”. They probably had seen someone that has been to a foreign country and brought a model of production from there (the whole system) and didn’t adapted to their new reality so it didn’t work. I hope that, now, those people can understand why I am here, to learn more and to find the way succeeds!

terça-feira, 8 de setembro de 2009

Fazendas

Desde que vim para cá tive a oportunidade de conhecer algumas fazendas aqui na volta, ainda mais graças ao meu companheiro de casa, o Brandon, que trabalha para a John Deere e tem muitos contatos com fazendeiros. No primeiro fim de semana fui com ele para o lugar que ele trabalha, se chama Morton, umas 60 milhas aqui de Lubbock em direção ao Novo México, e la fomos visitar dois fazendeiros clientes e amigos dele.
O primeiro é um fazendeiro de algodão, Mike, que quando chegamos no campo dele ele estava operando um pulverizador auto-propelido (John Deere também). Depois de uma conversa breve, onde trocamos ideias sobre a atualidade do mercado agrícola brasileiro e americano (e comparação) e diferenças entre produção, produtividade e sistemas, fui dar uma volta com ele no pulverizador. É impressionante o nível de tecnologia que esses equipamentos novos possuem. O operador praticamente não faz nada, é tudo por GPS e piloto automático. Até a abertura e fechamento dos bicos é automática e feita com base em um mapa de satélite que mostra a lavoura e a área que já foi pulverizada e a que falta. O erro desses equipamentos é mínimo, umas 2 polegadas no máximo. A região de Lubbock e Amarillo produzem cerca de 25 a 30 % de todo o algodão e carne dos EUA. A grande maioria do gado é confinado e o algodão só se faz possível aqui por causa da irrigação. Se olhar de cima, como uma foto de satelite, é impossível contar todos os pivôs central que tem aqui na volta. Outro método de irrogação muito utilizado aqui é o gotejamento, por tubos enterrados. Mão-de-obra aqui é muito cara, por isso usam muita tecnologia no campo. O Mike trabalha em aproximadamente 2000 alqueires (830 ha) só com um funcionário. Por vezes o pai dele ajuda também na lavoura.



Depois dessa fazenda fomos a outra de um Texano que morou um tempo em Salta, na Argentina, e tinha uma fazenda lá também. Jason Williams trabalha com recria e manda os novilhos para os feedlots (confinamentos) na volta. Ele é um dos poucos, se não o único, na região que trabalha com pastejo (coisa rara de se ver por aqui é cerca), e é “mal falado” pela volta (chamado de louco até), ou não muito bem quisto, por que não planta algodão. O pessoal aqui é muito conservador e geralmente utilizam práticas antigas e ineficientes (principalmente quanto à irrigação e plantio, a pesar de toda a tecnologia de pivôs e tudo mais). Hoje fui lá na fazenda do Jason de novo e levei comigo um argentino de Chascomus, o Nicolas di Lorenzo, que conheci na faculdade, faz pós-doc em nutrição animal e tava afim de conhecer um pouco de produtores da volta. Um dos assuntos que conversamos foi a viabilidade de plantar algodão e outras coisas aqui, como trigo e sorgo granífero. A margem de lucro é baixa ou nula por vezes, mas como existem subsídeos do governo seguem produzindo, mas o pessoal não se dá conta das alternativas que tem na volta para produzir outras coisas e com menor custo (isso também foi um assunto que discuti com a Dr Allen e que ela tem várias pesquisas sobre). Jason me disse que pode comprar a produção dos vizinhos para alimentar o gado dele e é mais barato para ele do que produzir grão. Tem umas dispariedades interessantes aqui para analizar, mas isso é tema para uma tarde de conversa.
A visita fui muito boa, a pesar de eu já ter ido lá vimos outras coisas mais e conversamos muito. Uma aspecto que deixou o Jason bem feliz esse ano, e que aconteceu muito parecido ai no RS, foi que o preço do terneiro e do novilho (boi) estavam muito parecido, algo em torno de 98 cents e 96 cents respectivamente e ele tem a produção toda vendida já (acordos com os confinadores). Com isso ele consguiu alavancar muita coisa no negócio dele, até por que ele tem essa área (4500 alqueires) desde novembro de 2008.
Para alimentar o gado ele tem um suplemento que preciso perguntar de novo a base de quê que é, pasto nativo, sorgo para pastejo e para silagem. O sorgo que ele tem para silagem é todo irrigado, com pivô central, e semana que vem creio que vai começar a colher (se tudo der certo vou lá dar uma olhada na colheita).



Outro lugar muito interessante que tenho ido é a fazenda da Tech (estação experimental). Na última quarta-feira fui com a Dr Allen pesar um gado que está em um experimento de algodão não irrigado e rotação algodão, tyfton, uma setária (fox tail milot) e trigo. Novilhada com um bom padrão (840 lb) e com um ganho bem impressionante para a região e para a época (ainda mais com verão mais seco), cerca de 2,5 lb/dia. O manejo do gado na mangueira é muito prático e simples. Para levar o gado colocam num reboque (e dos grandes) nas camionetes e levam para a mangueira. Para volta fazem o mesmo. A mangueira é toda desenhada para facilitar o manejo, com ângulos que não fazem o gado parar e na pera e no brete tudo redondo e de chapas metal (não tem diferença de luminosidade, como seria se fosse de tábuas espaçadas, o que facilita para o gado andar). A tezoura ou tronco (squeeze chute) é hidráulica e tem balança ali mesmo. Não se faz nenhuma força, apenas aciona-se algumas alavancas e o tronco se abre e fecha. Interessante é que imobiliza mesmo o animal, aperta o pescoço e os flancos também.
Bueno, acho que já me extendi por demais aqui, espero que tenham gostado das notícias e das comparações aqui. Um grande abraço a todos e até a próxima!