"Alma, vida e poesia, tempo e pessoas queridas! Jornadas de tantos suores e de tantas alegrias!"

Caros amigos!

Bem vindos ao meu fogão virtual. Aqui vou manter atualizado sobre minhas andanças, fotos e trabalhos novos que venho escrevendo. Convido todos a participar, deixar recados e mandarem e-mails se quiserem!

Um grande abraço a todos e boa viagem por entre essas linhas...

quinta-feira, 30 de julho de 2009

Welcome to Texas!


Quanto mais sonhamos e desejamos, mais clara e limpa fica a estrada, mais força temos para superar nossos obstáculos e mais orgulho nos tráz a nossa vitória.

quinta-feira, 9 de julho de 2009

Morena

Morena dos olhos da noite
Tu traz em reponte
Alguns sonhos meus
Os negros cabelos
E o dorso tão belo
É o charme que Deus te deu

Morena tímida e bela
Dos olhos de gueixa
A me enfeitiçar
Que guardas algum mistério
Oblíquo e sereno
Neste teu olhar

Morena que o doce veneno
Dos teus lábios plenos
De amor a me dar
Bulbica os teus feitiços
Junto ao meu ouvido
Para me roubar

Morena das claves de lua
Estrela xirua
De um mar de ilusão
Teu corpo é a melodia
Junto à poesia
Do meu coração

Morena da pele macia
Das mãos que eu queria
Assim conduzir
Morena que encanta e domina
Tu és minha sina,
Não posso fugir...

Porto Alegre, 2008

quarta-feira, 8 de julho de 2009

Leôncio Severo:


Uma tarde descobri que viver na capital nos traz muitas coisa, algumas muito boas, outras nem tanto, e entre as boas posso citar a que quando encontramos alguém com a mesma alma que a gente, com a mesma identificação rural, co os mesmos costumes, nos reconhecemos na hora, mesmo não tendo nunca avistado essa pessoa. É que porque aqui tudo é diferente, o tempo passa, as pessoas passam, os vizinhos passam, e quando nos damos conta, pronto, o dia terminou Esta na hora de cevar o amargo, de escutar as milongas, enfim, tentar reecontrar-se um pouco com o que é nosso, com o oxigênio que move nossas vidas, com o campo. E foi numa tarde dessas que conheci o Marcelo, e na hora percebi da onde ele vinha, com um jeitão calmo, atencioso, observador e identificado com suas próprias raízes e origens. Com o tempo fomos estreitando nossos laços de amizade e, ao conhecer sua família, entendi tamanha pureza e o porquê do gosto pela cultura, pois isso, meus amigos, na minha terra tem nome: berço.
Talvez sejam essas coisas, esse amor pelo campo, essa necessidade de viver na cidade grande e também essa veia cultural que impulsionaram esse rapaz, hoje estudante do curso de Agronomia, a “agarrar” uma caneta e transpor para o papel toda a sua sensibilidade e todo o seu telurismo.
Bem vindo a esse novo mundo meu amigo, bem vindo ao mundo dos sonhadores, dos loucos, dos incompreendidos, mas também sejas bem vindo ao mundo mágico da poesia, pois nada é mais lúcido que a mente de um poeta
Saludos
Porto Alegre, agosto de 2008

Acesse:
http://www.radiosul.net/

domingo, 5 de julho de 2009

Poesia...

Criei raízes profundas
No substrato da vida
Criei mágoas infundas
No sentimento sentidas
Criei ramos de experiência
Colhi frutos de verdade
Me afastei da querência
E adubei a saudade

A estrada é meu destino
Andar, o meu sustento
Vejo o mundo quando gira
Vejo pessoas por dentro
A amizade se contida
Na essência de um ser
Traz legados e recuerdos
Vai nos fazendo crescer

Dos ramos eu faço galho
Novas folhas, novas flores
Aumenta a copa e a sombra
Gera cores e amores
Sou vento, sou peregrino
Não sou pedra nem torrão
Levo cheiros do meu pago
Não enraízo no chão

Sou chama de labareda
Queimando pelo saber
Sou fogo vivo que chega
Pra doutras fontes beber
Sou pau de cerne forte
Que nem por vento se rende
Sou flor de pólen leve
Por ai a deixar semente...

Só os loucos amam

Só os loucos amam
por que precisa ser louco
para dar de tudo por uma mulher.
Só os loucos amam
por que precisa ser louco
para abdicar da vida por uma mulher.
Só os loucos amam
por que só os loucos não sabem
o valor do dinheiro,
o valor do tempo
pois dão de tudo
e esperam a vida
por uma mulher!
Por uma mulher...

(ai me pergunto o quão louco já fui
ai me pergunto se já amei...)

Só os loucos amam
por que precisa ser louco
para entender o que é o amor.
Só os loucos amam
por que precisa ser louco
para jogar-se aos pés de uma mulher.
Só os loucos amam
por que só os loucos sabem (e entendem)
a dor da saudade,
a cor da esperança.

Só os loucos amam.
Quisera eu
ser um louco também!!!


Porto Alegre, maio de 2009

Poesia...

Meus versos que versejo em voz de veto
Vão velozes e verozes pelo vento
E vendo assim vigente a voz do povo
Versando o que não viram e vogar
Volátil a verdade, e o veredicto
Vigora, verdejante e vingativo

Cerca de pedra moura

Cerca de pedra moura
Costeio de tropa larga
É madrinha das estradas
Do Rio Grande altaneiro
Foi o rumo do tropeiro
E trincheira em emboscada

Taipa que foi outrora
O reponte do progresso
Das invernadas o começo
Sustento dos matadouros
Quando o charque e o couro
Valiam mais que agora

Com a bárbara engenharia
De um material primitivo
O conhecimento instintivo
De noções de arquitetura
Fizeram da pedra dura
Um passo evolutivo

Do negro que te construiu
De sol a sol a preceito
Tinha a força e o jeito
No peito a raça bravil
Mas sem do açoite respeito
De alicerce muito serviu

Que dura a vida do escravo
Sem poder contestar
Mas sempre a sustentar
O futuro do Rio Grande
Forjado a ferro e sangue
E a pata de cavalo

Taipa que foi sestiada
E abrigo do andante
Onde a tropa se escora
E facilita a ronda
Pra que do frio se esconda
Quem vem judiado de estrada


As porteiras de vara
E a mangueira redonda
Onde o potro a doma encontra
E o gado não dispara
E pela mão do paisano
Deixa de ser orelhano

Cerca que ganha vida
Na minha imaginação
Pois te faço recordação
Dos tempos de ou tras lidas
Quando tropas d’outros pagos
Cruzavam no teu costado

Te olho no horizonte
Cerca de pedra empilhada
Que costeia a estrada
Adiante do sol poente
Que vai despacito apeiando
Ao final de outra campereada

Te vejo assim no reponte
Das lembranças mais antigas
Onde o passado e o presente
Se funde em nostalgia
E o tempo reverencia
Ó Cerca de Pedra valente!

Gurupí (TO) 05-02-2005
Revisão maio-2007

Sina de Potro

Perdeu a serventia no campo

E pediu por um perdão

Mas o destino foi traiçoeiro

Não lhe deu outra opção

Partiu a tíbia no meio

Numa rodada de azar

E estendeu o pescoço

Sem ganas de suplicar


Que mala a vida de um potro

Se seu destino é cruel

Dar o garrão a um outro

Que sacrificou um dos seus

A este bravo resta a sina

De ser fiel sempre que pode

Pois mostrou sua serventia

Mesmo depois da morte


Quem sabe a alma deste campeiro

Não dê adeus e não vá além

E ajude o seu parceiro

Que um pedaço de si retém

E os ferros que ele outrora

Sem outra escolha o gosto provou

Junto ao que resta ostenta agora

A mesma espora que seu couro marcou


Será que a alma desse guerreiro

Partiu-se junto em devoção

Igual à lonca que se fez tento

E ganhou vida nalguma mão

Ou o tento foi pra pontear

Do peão triste o coração

Que se partiu ao ver ficar

Seu parceiro estendido no chão


Porto Alegre, março de 2008

Prefácio do Livro, por Ricardo Brochado

Marcelo Osório Wallau, filho de Carlos Augusto Wallau e de Ana Maria V. Osório, nasceu no dia 11 de maio do ano de 1988, na cidade de Porto Alegre.
Este moço poeta, amigo querido, a quem me coube a grata satisfação de apresentar-lhes, nasceu ... e já tratou de não desperdiçar mais o seu valioso tempo... “Voltou para Livramento” e, já foi tratando de fazer as suas lidas campeiras, pois trouxe herdada esta inquietude - de ambos os lados da sua família - como também a qualidade genuína dos homens “de bota e bombacha”; hospitaleiro, verdadeiro, respeitoso e trabalhador. Assim, foi se criando; solto, campo-a-fora, entusiasmado, compenetrado nos seus afazeres, cuidando para não deixar escapar um segundo se quer, sem ser bem aproveitado, produtivo e vívido. É bem assim, que vem a minha lembrança, o Marcelo piazito, pilchado, envolvido em serviços de mangueira, nas domas dos seus buenissimos poneys, com os seus cachorrões fila, no meio da peonada ou, então, em cima de um trator fazendo “lida de gente grande”, ou em Esteio apresentando suas afamadas Jersey ou, ainda, alugando os poneys “da sua rédia”, para a gurizada da cidade dar uma voltinha.
Feliz na sua Estância São José, no coração do Sarandy (Sant’Ana do Livramento), lidando, saboreando a vida e sorvendo sentimentos, fez assim a sua iniciação no campeirismo fronteriço! Depois, fez o 1º grau nos colégios Santa Tereza de Jesus e colégio Marista Santanense, o 2º grau iniciou no Colégio Santa Tereza de Jesus e completou no Colégio Nossa Senhora do Rosário em Porto Alegre. E assim, seguiu se criando...
Hoje, Marcelo cursa a Faculdade de Agronomia (na UFRGS de POA) e por onde passa vai deixando um rastro de bem querer, de incontáveis amizades, onde não cabe importar-se pela idade nem pela condição social, somente pelo sentimento puro, pelas boas intenções e se possível pelo gosto comum das nossas mais legítimas tradições gaúchas, aí “tá bem bom”! Marcelo é assim, emoção pura e sentimento a flôr-da-pele, e claro deu no que deu: Marcelo virou poeta! Declamador e guitarreiro.
Na sua poesia, traz a herança da fecunda estirpe dos antigos trovadores ibéricos, que de tanto em tanto brotam na Pampa, para nos reavivarem a memória das nossas raízes.
A poesia, foi a forma adequada para o Marcelo poder expressar a sua maneira de sentir a vida, a paixão pela sua terra, pelas pessoas, pelas tradições, pelos animais, enfim pela Natureza toda. Mas, deste seu modo especial e, em versos gaúchos, como requer a nossa valorosa tradição. Nós nem sempre conseguimos explicar todas as coisas, e as emoções que sentimos. Porém, através da poesia, o poeta consegue formar a verdadeira imagem do seu mais puro sentimento e, assim, então passa - lá para nós simples mortais. E o Marcelo nasceu com este dom, porque como alguém já disse “escrever se aprende, mas fazer poesia se traz de berço”, de forma divina, pois não é aprendida, vem além e acima da consciência.
A sua poesia vem curando saudades, expondo sua alma romântica, falando com leveza dos nossos costumes de homens do campo cuidadores de gado, da nossa rica historia gaúcha, tudo de uma forma livre, linda e natural, como o vôo alegre das aves nas manhãs ensolaradas da nossa terra. Se mostra assim, vindo- a- furo, vibrante, ativo e se entregando por inteiro, já neste seu primeiro livro (de muitos certamente). E nos leva por uma bela camperiada, com a sua poesia, ora épica ora lírica, mosaicos da sua vida, com cheiro de mato, terra e fumaça.
Com carinho, orgulhoso, abro a porteira e deixo-lhes com o Marcelo, com a sua expressão artística de grande sensibilidade, comovente pelo seu encantamento natural e de forte emoção!
Até a volta...

Ricardo Brochado, Santana do Livramento, agosto de 2008.
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Marcelo Osório Wallau vem através do seu primeiro livro, Tropa de Versos, meus olhos de ver o mundo..., mostrar a arte campeira da região da campanha. Neste livro, traz um apanhado de aproximadamente 40 poesias feitas desde 2004, com relatos de cenas campeiras, paisagens interioranas e retratos de sentimentos.
Marcelo transmite nas suas poesias fragmentos da infância na região do Sarandi, em Santana do Livramento, de suas andanças e da vida atual, em Porto Alegre, onde estuda Agronomia na UFRGS. Para ilustrar esses versos, vêm junto os desenhos de Bento Brochado, traduzindo o que as palavras não foram suficientes para dizer. Leôncio Severo também traz sua opinião sobre a obra, ajudando a enriquecer o livro, e, além disso, um glossário ajuda na compreensão dos termos utilizados. É uma ótima aventura para aqueles que gostam da arte da nossa gente!
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