O primeiro é um fazendeiro de algodão, Mike, que quando chegamos no campo dele ele estava operando um pulverizador auto-propelido (John Deere também). Depois de uma conversa breve, onde trocamos ideias sobre a atualidade do mercado agrícola brasileiro e americano (e comparação) e diferenças entre produção, produtividade e sistemas, fui dar uma volta com ele no pulverizador. É impressionante o nível de tecnologia que esses equipamentos novos possuem. O operador praticamente não faz nada, é tudo por GPS e piloto automático. Até a abertura e fechamento dos bicos é automática e feita com base em um mapa de satélite que mostra a lavoura e a área que já foi pulverizada e a que falta. O erro desses equipamentos é mínimo, umas 2 polegadas no máximo. A região de Lubbock e Amarillo produzem cerca de 25 a 30 % de todo o algodão e carne dos EUA. A grande maioria do gado é confinado e o algodão só se faz possível aqui por causa da irrigação. Se olhar de cima, como uma foto de satelite, é impossível contar todos os pivôs central que tem aqui na volta. Outro método de irrogação muito utilizado aqui é o gotejamento, por tubos enterrados. Mão-de-obra aqui é muito cara, por isso usam muita tecnologia no campo. O Mike trabalha em aproximadamente 2000 alqueires (830 ha) só com um funcionário. Por vezes o pai dele ajuda também na lavoura.
Depois dessa fazenda fomos a outra de um Texano que morou um tempo em Salta, na Argentina, e tinha uma fazenda lá também. Jason Williams trabalha com recria e manda os novilhos para os feedlots (confinamentos) na volta. Ele é um dos poucos, se não o único, na região que trabalha com pastejo (coisa rara de se ver por aqui é cerca), e é “mal falado” pela volta (chamado de louco até), ou não muito bem quisto, por que não planta algodão. O pessoal aqui é muito conservador e geralmente utilizam práticas antigas e ineficientes (principalmente quanto à irrigação e plantio, a pesar de toda a tecnologia de pivôs e tudo mais). Hoje fui lá na fazenda do Jason de novo e levei comigo um argentino de Chascomus, o Nicolas di Lorenzo, que conheci na faculdade, faz pós-doc em nutrição animal e tava afim de conhecer um pouco de produtores da volta. Um dos assuntos que conversamos foi a viabilidade de plantar algodão e outras coisas aqui, como trigo e sorgo granífero. A margem de lucro é baixa ou nula por vezes, mas como existem subsídeos do governo seguem produzindo, mas o pessoal não se dá conta das alternativas que tem na volta para produzir outras coisas e com menor custo (isso também foi um assunto que discuti com a Dr Allen e que ela tem várias pesquisas sobre). Jason me disse que pode comprar a produção dos vizinhos para alimentar o gado dele e é mais barato para ele do que produzir grão. Tem umas dispariedades interessantes aqui para analizar, mas isso é tema para uma tarde de conversa.
Para alimentar o gado ele tem um suplemento que preciso perguntar de novo a base de quê que é, pasto nativo, sorgo para pastejo e para silagem. O sorgo que ele tem para silagem é todo irrigado, com pivô central, e semana que vem creio que vai começar a colher (se tudo der certo vou lá dar uma olhada na colheita).
Outro lugar muito interessante que tenho ido é a fazenda da Tech (estação experimental). Na última quarta-feira fui com a Dr Allen pesar um gado que está em um experimento de algodão não irrigado e rotação algodão, tyfton, uma setária (fox tail milot) e trigo. Novilhada com um bom padrão (840 lb) e com um ganho bem impressionante para a região e para a época (ainda mais com verão mais seco), cerca de 2,5 lb/dia. O manejo do gado na mangueira é muito prático e simples. Para levar o gado colocam num reboque (e dos grandes) nas camionetes e levam para a mangueira. Para volta fazem o mesmo. A mangueira é toda desenhada para facilitar o manejo, com ângulos que não fazem o gado parar e na pera e no brete tudo redondo e de chapas metal (não tem diferença de luminosidade, como seria se fosse de tábuas espaçadas, o que facilita para o gado andar). A tezoura ou tronco (squeeze chute) é hidráulica e tem balança ali mesmo. Não se faz nenhuma força, apenas aciona-se algumas alavancas e o tronco se abre e fecha. Interessante é que imobiliza mesmo o animal, aperta o pescoço e os flancos também.
Bueno, acho que já me extendi por demais aqui, espero que tenham gostado das notícias e das comparações aqui. Um grande abraço a todos e até a próxima!
Oi Marcelo!
ResponderExcluirBom ver que estão bem!
Alguma grande praga na fazenda? Heheh
Coisa de profe de ento...
Grande abraço,
Simone