(Leitura de um quadro de Antônio Parreiras, Final de Romance, 1912, Pinacoteca de São Paulo)
Foi numa estrada deserta
Num fim de dia nublado,
Viu-se um cavalo encilhado
Nenhum ginete por perto.
Bem aperado pra lida
Parado feito estátua
Quem de longe enxergava
A cena não entendia
Mas quem se aproximava
Sentia o cheiro de sangue
E via no mesmo instante
Que a cena não acabava.
Um par de botas estendido
E o cavalo de rédeas soltas
Tinha a cabeça baixa
Cheirando um vulto no chão
A garrucha desarmada
Num último rástro de pólvora
E o seu destino comprova
Que a vida não vale nada
Por causa de amor
Se findou pra um a estrada
A camisa agora encarnada
Também mancha o corredor
E o colorado, pobre parceiro
Como velando um amigo
Parado, sem entender o sentido
Deste fim por sofrimento
Parecia não creer
No que via a sua frente
Como esperar que o ginete
Ainda voltasse a viver
O que deixara no rancho
Além de ausência e saudade
E a erva azeda de um mate
Que deixara antes de ir?
O pelego que curtira
Para ela de regado
Junto de um ramo de flores
E de um violão calado
E por um amor esquecido
Ou falta de um bem querer
Um gaúcho decide morrer
Por um fim sem sentido
Fora a última encilhada
Pra ver a prenda domingo
Por um romance perdido
Foi o fim da sua estrada
São Paulo, SP, Junho de 09
Lubbock, TX, Outubro de 09
Trova buenaça, tche!!
ResponderExcluirPassei aqui de esbarro
E assim se me deparo
Com tal charla campeira
Ilustrando a cena triste
Do gaudério morto no barro!
Abraços, parabéns!!