Sentei às margens do tempo
Para ver as horas ‘passar’
Fiquei olhando os minutos
Como ondas vindo no mar
Nas nuvens os pensamentos
Carregados de inusitado
Vivendo o futuro momento
Com os olhos no passado
Enquanto faço minhas rimas
O perco de vista a frente
De ansioso passo em cima
E o perco novamente
Na paz de um papel rabiscado
Guardo minha alma e segredos
Me acalma os nervos atados
Quando às letras dou os dedos
Com os olhos sempre atentos
Aos passos que as horas passam
Observo os movimentos
Pra ver se atraso o compasso
Se dos versos faço rio
No tempo pouso seguro
Cura os males do passado
Me tráz de volta o futuro
Pra que entender do tempo
Se nem nos versos me acho
À sombra d’um poema sento
E os segundos assim relato
Mas inflexível e sorrateiro
Vai passando, quieto, atrás
O tempo que fora d’outros
Não envelhece jamais
Porto Alegre, 2 de dezembro de 2010